Áreas inundáveis localizam-se em áreas de fundo de vale, entendidas como áreas que margeiam corpos d’água. Os impactos causados às áreas de fundo de vale afetam principalmente os recursos hídricos e a vegetação. Torna-se freqüente observar nessas áreas a fragmentação da cobertura vegetal, falta de cuidados com o uso do solo, assoreamento dos rios, impermeabilização do solo, canalização dos cursos d’água, entre outros fatores. (Tucci apud Friedrich, 2007)
Como forma de encontrar o equilíbrio entre o processo de urbanização contemporâneo e a preservação do meio ambiente, Friedrich (2007) defende a proposta de implantação de parques urbanos nas áreas de fundo de vale.
A implantação de parques e equipamentos sociais nessas áreas apresenta bons resultados no que se refere à promoção de esporte e lazer para as cidades e à colaboração para preservação de margens de rios, apesar de muitas vezes o parque urbano não seguir a risca a legislação. (Barros apud Friedrich, 2007)
De acordo com Friedrich (2007), as áreas de fundo de vale podem ser utilizadas para lazer, recreação, circulação não-motorizada, promoção de educação ambiental e cidadania, bem como para proteção dos cursos d’água, proteção da vegetação e mata ciliar, abrigo de fauna, amortecimento de inundações, controle de erosão, manutenção da qualidade do ar, proteção contra o excesso de ventilação e insolação, redução de ruídos urbanos, entre outros.
Com base nesse contexto optou-se por estudar casos de parques urbanos implantados em margens de corpos d’água e áreas inundáveis. Optou-se por estudar o Parque São Lourenço de Curitiba/PR e o Parque do Parreão de Fortaleza/CE.
Analisando os dois casos, observou-se que os parques escolhidos para estudo apresentam realidades distintas: o Parque São Lourenço foi implantado em uma área inundável, onde os usos das edificações existentes foram adequados à área, de modo a não causar grandes impactos ambientais aos recursos hídricos. Uma fábrica de cola que funcionava no local foi desativada e sua edificação recebeu um novo uso: o de Centro de Criatividade de Curitiba, que é um espaço destinado à educação artística, administrado pela Fundação Cultural de Curitiba, aliando seu uso aos atrativos de esporte e lazer ao ar livre do parque; como churrasqueiras, ciclovia, áreas esportivas, playground e área verde. Verifica-se que a comunidade apropria-se e utiliza os atrativos do Parque São Lourenço de modo a proporcionar vitalidade, segurança e dinâmica para o local, além de que a localização de um equipamento público dentro do parque, como o Centro de Criatividade, contribui ainda mais para o acontecimento de atividades no local.
No caso do Parque do Parreão, o mesmo foi implantado em uma área inundável no centro de Fortaleza, às margens de um riacho, com o intuito de evitar a canalização do curso d’água. O Parque do Parreão possui elementos que objetivam a contemplação e a prática de esportes, como anfiteatro, ciclovia e coreto, porém, apesar do potencial estético e projetual que caracteriza o parque como contemporâneo, o mesmo encontra-se abandonado pelo poder público e é visto pela população como local inseguro, por conta de constantes assaltos que ocorrem no parque. A população reclama das pedras soltas nas calçadas, do mato, do lixo no riacho, do mau cheiro e dos mosquitos; o Parque do Parreão que deveria ser um atrativo para a população torna-se um empecilho ao convívio público e à preservação ambiental.
Comparando os dois casos de parque urbano estudados, verifica-se que aliar as atividades do parque urbano a uma edificação de uso público, como o Centro de Criatividade de Curitiba, é essencial para garantir o uso público e a fiscalização do espaço por parte de seus usuários.
Assim, se tratando de edificações localizadas em áreas sujeitas a inundações, buscou-se estudar casos de tecnologias adaptadas para ocorrência de inundações. Optou-se por estudar a tecnologia das Edificações flutuantes Holandesas e a tecnologia das Edificações flutuantes Canadenses.
Imagens do Parque São Lourenço:
Assim, se tratando de edificações localizadas em áreas sujeitas a inundações, buscou-se estudar casos de tecnologias adaptadas para ocorrência de inundações. Optou-se por estudar a tecnologia das Edificações flutuantes Holandesas e a tecnologia das Edificações flutuantes Canadenses.
PARQUE SÃO LOURENÇO – CURITIBA/PR
Implantação do Parque São Lourenço
Foto aérea do Parque São Lourenço
Localizado no Bairro São Lourenço em Curitiba – Paraná, o Parque São Lourenço foi implantado em 1972, após uma inundação do rio Belém em 1970, que provocou rompimento da represa de São Lourenço. O objetivo da implantação do parque foi o de amortecer as inundações e proteger os recursos naturais da área.
No local em que foi implantado o parque funcionava uma fábrica de cola e um curtume, que foram desativados após a inundação de 1970, para evitar a contaminação dos cursos d’água. A edificação da fábrica de cola foi adaptada para um novo uso e atualmente abriga o Centro de Criatividade de Curitiba, administrado pela Fundação Cultural de Curitiba.
O Centro de Criatividade possui 2.500m² e é um espaço destinado à criação e prática da educação artística. O Centro dispõe de biblioteca, espaço para exposições, auditório e sala de projeção. Os equipamentos e máquinas da antiga fábrica foram transformados em esculturas e elementos decorativos para o local, preservando e valorizando a memória e história do local.
Uma casa histórica que pertenceu à família Stenzel foi doada à prefeitura de Curitiba, que a locou no parque e a transformou em um espaço de exposição permanente dos trabalhos do artista Erbo Stenzel.
O Parque São Lourenço possui 204.000m² e proporciona áreas de esporte, lazer e contemplação, dispondo de:
- Pista de carrinho de rolimã.
- Churrasqueira.
- Cancha de vôlei.
- Ciclovia.
- Parque infantil.
- Área verde.
Foto aérea do Parque São Lourenço
Foto aérea do Parque São Lourenço
Imagem do Parque São Lourenço
Foto da antiga fábrica de cola - Parque São Lourenço
Lago - Parque São Lourenço
Casa Erbo Stenzel